terça-feira, 28 de junho de 2016

Disputa entre cooperados e diretoria da Unimed-Rio não afetará beneficiários

                                                                Foto: Google Imagem

A suspensão pelo desembargador Fernando Chagas, da 11ª Câmara Cível do Rio de Janeiro, da liminar que cancelava a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para votação do afastamento da diretoria da Unimed-Rio, marcada para quarta-feira, conforme adiantado na coluna do Lauro Jardim, está longe de colocar um ponto final ao imbróglio entre os executivos da empresa e parte dos cooperadoras. No entanto, seja qual for o desfecho, representantes dos dois lados garantem que o atendimento aos beneficiários não deverá ser afetado.

A cooperativa informa não comentar ações judiciais em andamento, mas diz que cabe recurso à decisão. Em seu despacho, o desembargador entendeu que não há motivo razoável que autorize o Poder Judiciário a impedir que os cooperados se reúnam para deliberar sobre assuntos comuns e de interesse exclusivamente deles. A Unimed-Rio destacou, em comunicado, enviado à “Defesa do Consumidor” que “dentro do contexto político, atualmente a cooperativa conta com alguns grupos de médicos com pensamentos distintos em relação à gestão da empresa. Todos os trâmites relacionados a esta esfera são internos e não trazem qualquer tipo de impacto para a operação da cooperativa e para o atendimento a clientes.”

O grupo de oposição à atual gestão, ratifica que, caso a assembleia ocorra e seja aprovada a destituição da diretoria, o consumidor em nada será afetado. Segundo fontes, no entanto, a destituição da diretoria, eleita para um mandato de quatro anos, de 2014 a 2018, não será tão simples, pois existem trâmites do estatuto e do regimento que devem ser respeitados e a convocação não seguiria esses preceitos.

A cooperativa carioca, aliás, tem um novo superintendente geral. Mario Salomão, então superintendente das áreas administrativa e de gestão hospitalar, assumiu ontem a cadeira de Alfredo Cardoso que acaba de deixar a empresa, como informou a coluna Ancelmo Gois. Cardoso capitaneava o processo de reestruturação da empresa, há mais de um ano sob Direção Fiscal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Em abril, a cooperativa entregou seu Programa de Saneamento à ANS. A Unimed Rio explica que o “documento prevê ações para os próximos 36 meses com o objetivo de recolocar todos os indicadores da cooperativa dentro dos patamares preconizados pelo órgão regulador.” Uma das queixas da oposição é o fato de que, há duas semanas, em reunião ordinária na sede da Unimed Rio, convocada pelo Conselho Fiscal 2016, o presidente Celso Barros e o superintendente doutor Alfredo Cardoso não compareceram: a pauta era, justamente, a apresentação do plano de recuperação entregue à ANS.

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Desde o ano passado, a cooperativa informa que vem adotando medidas para melhorar seus indicadores. Segundo a Unimed Rio, em 2015, o resultado operacional foi de R$ 353 milhões, o faturamento de R$ 5 bilhões e o índice de sinistralidade de 79,4%, abaixo do patamar de 80% considerado como padrão pelo mercado. Os números, no entanto, são contestados pelo grupo de oposição, que alega ainda falta de transparência com ações administrativas importantes, como a compra da Golden Cross, que não teria sido submetida à assembleia, e divergência na prestação de conta. Caso a assembleia ocorra e fique decidida a mudança da atual gestão, serão convocadas eleições para o Conselho de Administração e Conselhos Técnicos em 30 dias.

Com uma carteira de cerca de um milhão de beneficiários, 5.500 médicos e 403 recursos credenciados, dentre hospitais, clínicas e laboratórios, a Unimed-Rio reforça que a questão política não afetará o atendimento, e lembra que já realizou mais de 17 milhões de procedimentos este ano. A cooperativa destaca ainda que reduziu em 70% o total de demandas encaminhadas pelos consumidores à ANS do último trimestre do ano passado para maio deste ano.

A Unimed do Brasil, que representa institucionalmente o Sistema Unimed, acompanha a gestão assistencial, econômica, financeira e operacional das 349 cooperativas médicas que integram o Sistema Unimed, realizando alertas, recomendações, planos de recuperação e de saneamento - como foi desenvolvido junto à Unimed Rio para apresentação à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – a fim de garantir a qualidade do atendimento aos beneficiários e a sustentabilidade econômica das cooperativas. Ressalta-se que tais medidas podem ou não ser colocadas em prática pela gestão das cooperativas, devido à gestão autônoma e independente que lhes é conferida pela Lei nº 5.764/1971.

A Unimed do Brasil informa que acompanha a gestão assistencial, econômica, financeira e operacional das 349 cooperativas médicas que integram o Sistema Unimed, realizando alertas, recomendações, planos de recuperação e de saneamento - como foi desenvolvido junto à Unimed Rio para apresentação à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – a fim de garantir a qualidade do atendimento aos beneficiários e a sustentabilidade econômica das cooperativas. A empresa ressalta que tais medidas podem ou não ser colocadas em prática pela gestão das cooperativas, devido à gestão autônoma e independente que lhes é conferida pela Lei nº 5.764/1971.

A Unimed do Brasil esclarece aos beneficiários do Sistema Unimed que dificuldades administrativas identificadas em uma operadora estão sempre relacionadas única e exclusivamente à cooperativa em questão, e não devem gerar nenhum impacto para o atendimento oferecido aos clientes, sejam eles da cooperativa com problemas ou para clientes de outras operadoras do Sistema Unimed.


Fonte: O Globo on line em 28/06/2016

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Ministro da Saúde exonera auditores signatários de carta em defesa do SUS; clara tentativa de desarticular serviços de combate à corrupção

                                                           Foto: Google Imagem

Reunidos em Fortaleza (CE), na semana passada, durante o XXXII Congresso do Conasems (Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde), os diretores do DENASUS (Departamento Nacional de Auditoria do SUS/Ministério da Saúde) e os seus chefes nos estados lançaram um documento histórico: A Carta de Fortaleza dos auditores em defesa do SUS (na íntegra, ao final).

Em retaliação, o ministro interino da Saúde, o engenheiro e deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), decidiu exonerar os signatários do documento.

Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira 6 (aqui e aqui), já constam sete dirigentes do Denasus. O DOU de amanhã provavelmente trará mais nomes de demitidos.


O DENASUS é o departamento de auditoria de todo o Sistema Único de Saúde (SUS).

É a cabeça do controle de todas as ações da saúde pública, inclusive  contra a corrupção.

Ao exonerar os dirigentes do DENASUS nos Estados, Ricardo Barros enfraquecerá o combate à corrupção na saúde.

A decisão absurda equivale à extinção da Controladoria Geral da União (CGU).


Aliás, foi graças ao trabalho conjunto da CGU e do DENASUS que, em 2006, estourou o Escândalo dos Sanguessugas, também conhecido como máfia das ambulâncias.

Também foi do DENASUS a ação que, em 2010, demonstrou que governos estaduais  descumpriam  a Emenda Constitucional nº 29, que garante financiamento da saúde.

Ou seja, eles não colocavam na saúde o piso estabelecido na Constituição.


Alguns Estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Distrito Federal aplicavam no mercado financeiro os recursos enviados pelo governo federal para saúde. Em consequência, desassistindo ações vitais, como SAMU, Assistência Farmacêutica, Atenção Hospitalar, entre outras.

A atitude de Ricardo Barros revela clara tentativa de desarticular serviços de auditoria, controle e combate à corrupção. Sinaliza também que o governo do “interino” Michel Temer visa desmontar o SUS e privatizar a saúde pública.

por Conceição Lemes