Desde 2007, o governo do Estado anuncia
a expansão de rede de saúde pública
com a inauguração de Unidades
de Pronto-Atendimento (UPAa), alardeando-as
como a solução para a redução do número de
pacientes nas filas dos hospitais. Na teoria, elas
teriam condições de resolver problemas menos
graves, evitando sobrecarrega das emergências.
Mas, na prática, têm grande carência de médicos,
principalmente clínicos, ortopedistas e pediatras.
E, contrariando a sua função inicial, indicam hospitais
de emergência até para pacientes com problemas
simples, por falta de especialistas.
Esta semana, o governo confirmou a falta de
médicos e formalizou o oposto do que propagandeou
a respeito destas unidades. Fechou o
serviço de ortopedia das UPAs, uma das especialidades
mais procuradas, e orientou a população
a procurar três hospitais-referência, com instalações
já superlotadas. É uma decisão, no mínimo,
contraditória e desrespeitosa. Por isso, a Comissão
de Saúde Pública do Conselho Regional de
Medicina do Estado do Rio (CREMERJ) vai analisar
o seu impacto.
A Secretaria de Saúde afirma que tomou tal
decisão porque não conseguiu compor o número
mínimo de ortopedistas no último concurso.
Mas não há carência de ortopedistas no Rio de
Janeiro, como sugere a informação. Há, sim, por
parte do governo, oferta de baixos salários, maquiados
com gratificações, que não interessam
aos médicos que têm melhores opções de remuneração
no mercado de trabalho.
Se não há interesse em aumentar salários, não
há razão para gastar construindo e equipando UPAs.
É contraditório fazer investimento em infraestrutura
se não há gasto compatível e decente em recursos
humanos, ou seja, nos profissionais que fazem
toda a estrutura funcionar corretamente.
Luis Fernando Moraes,
Presidente do CREMERJ
Fonte: Editorial Jornal do CREMERJ • FEVEREIRO 2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário