terça-feira, 31 de março de 2009

Vacinação: Custos ou Investimento em Saúde ?

Para uma vacina ser incluída no calendário do Ministério da Saúde ela precisa atender a vários critérios, entre eles: epidemiológico (numero expressivo de casos); imunológico (a proteção obtida com a vacina deve ser alta); tecnológico ( a vacina deve estar disponível para o Brasil com a possibilidade de, ao ser introduzida, haver incorporação da tecnologia de produção), logística, custo-benefício, entre outros.
O que se observa como tendência natural é que as doenças e de grande incidência que tiveram as respectivas vacinas introduzidas nos calendários apresente acentuada queda de casos. Com isso, outras doenças, cujo numero de casos era comparativamente menor, acabam ganhando maior destaque. Foi o caso do Haemophilus Influenzae tipo B (Hib), antes responsável por 95% dos casos de doenças invasivas como a meningite e pneumonia. A partir de 2000, com a aplicação da vacina conjugada contra o Hib, houve queda de 90% na incidência de meningites por este agente.
Há estudos de custo-benefício, custo-efetividade e impacto para as vacinas Varicela (atenuada), pneumocócica conjugada, meningocócica C e Hepatite A. Há um compromisso formal de inclusão da meningocócica C e pneumocócica conjugada a partir de 2011.
Mas ainda é preciso muitos mais estudos e compromissos para ampliação tanto do Calendário de Vacinas para crianças como para os adultos. Estudos bem estruturados demonstram a Redução do Risco Relativo-RRR com a vacina anti-HPV, feitos em uma amostra de meninas, cujo critérios de inclusão no estudo foram: que ainda não haviam iniciado vida sexual ativa entre 11 a 12 anos. O vírus HPV é o principal agente etiológico do câncer de colo uterino, devido ao diagnóstico tardio e a falta de tratamento, afetando milhares de mulheres, a maioria jovem e com filhos pequenos. Muitas delas morrem. O custo total das três doses da vacina varia de R$ 1 mil a R$ 1.200,00. Depreende-se deste fato que custa muito mais caro tentar curar o câncer estabelecido do que a prevenção por vacinação da população alvo.
Observando-se a Caderneta de Vacinação de Crianças, encontramos que não são ofertadas para o público em geral, nos postos de vacina pública, as seguintes vacinas: poliomielite (vírus inativados); Antipneumocócica conjugada heptavalente; Antipneumocócica C conjugada; Influenza (gripe), Hepatite A; Varicela (catapora), anti-HPV. Todas estas vacinas são encontradas na Rede Privada de Saúde e a ela somente tem acesso um parcela restrita da população brasileira de crianças.
Estudos de impacto econômico na população de outros países, onde a caderneta é completa, demonstram cabalmente que vacinação não é Custo, antes porem é um Grande Investimento, frente aos custos de tratamento, da maioria das doenças por ela evitadas.
Aroldo Moraes Junior.

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