terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fusões e Aquisições em Saúde: Um olhar para o ano de 2009. *Aroldo Moraes Junior



1 – Resumo do Quadro Econômico em 2009.

O Setor de Saúde Suplementar (Medicina Privada) corresponde a cerca de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, movimentando R$ 16 Bilhões por ano. Este setor foi responsável por empregar em 2009, aproximadamente 10% da população brasileira.

E é consenso entre os especialistas do setor que a tendência de mercado é crescer, a se falar que o mesmo irá “explodir” em 2010.

Bem em 2009, por conta da crise econômica internacional, o Banco Central do Brasil, foi obrigado a baixar a taxa de juros básica (Selic), de forma significativa, o que tem como conseqüência direta o aumento da renda nacional (o dinheiro circulante).
Alem disso estimulou o consumo, para que tais medidas não pressionassem os preços, gerando inflação. Muito bem, a política econômica deu certo, mesmo o país não tendo crescido no período, ou seja, empatamos, ficamos no 0x0, mantivemos a inflação controlada, com aumento do consumo interno (o que forçou o governo a maior renuncia fiscal já vista, com alíquota zero de IPI). Nós últimos 10 anos de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 20 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza, o que se reflete numa maior demanda no mercado de saúde privada.

2 – A Economia do Setor Saúde em 2009.

Frente ao exposto acima, onde destacamos uma maior capacidade de compra da classe média brasileira, lógico é que o mercado de planos de saúde sofreria um crescimento significativo e dados da ANS (Agencia Nacional de Saúde Suplementar) apontam este crescimento, para cerca de 51 milhões de usuários de planos de saúde. Um aumento significativo de cerca de 37% de usuários que retornaram ao setor. O que desafoga em parte o SUS (Sistema Único de Saúde).

Com o mercado em expansão, o apetite das empresas não se abateu, nem mesmo diante da crise financeira.

No ano de 2009 foram 27 operações de fusões e aquisições de vultos bilionários. Com o mercado ainda muito pulverizado, principalmente nos ramos: seguros-saúde, hospitais e laboratórios de diagnóstico (clínicos e por imagem), a tendência nos próximos anos e que esse processo se intensifique.

Ao compararmos os números do setor entre Brasil e EUA. Lá, as dez maiores operadoras de saúde concentram 38% do mercado. Aqui, a parcela é de 25%.

Compradas ou fechadas, o número de operadoras vem caindo. Em 2001, havia 2.700; em 2009 este número cai para 1.700.

Como exemplo do movimento econômico, citamos: o Laboratório Fleury, de São Paulo, que desde 2002, comprou 23 empresas e em 2009 entrou no mercado de ações pela Bovespa. Foram R$ 90 milhões de receita que entraram no caixa da empresa com as aquisições. Entre as operadoras de saúde citamos a Amil Participações (Holding do Grupo Amil), que em 2009 comprou a Medial (com mais de 1,5 milhões de clientes), em um negócio estimado em R% 612,5 milhões. Observação a Amil Participações acaba de comprar em 28/01/2010, em OPA (Oferta Pública de Ações), um total de 33,5 milhões de ações ordinárias. Foram negociados cerca de 31,8 milhões ao preço de R$ 17,5 por ação - o mesmo que R$ 557,2 milhões. Assim, assumindo o controle total da empresa.

Atuaram fortemente no setor de aquisições e fusões no ano de 2009:
- Rede D’or
- Fleury
- Dasa
- Hipermarcas
- Bradesco

Como visto, o cenário econômico do setor é promissor para a Saúde Privada ainda em 2010, mas teremos um ano de eleições, onde os movimentos financeiros, sempre se mostram tímidos. Afinal as políticas econômicas e financeiras irão permanecer as mesmas?

Em minha humilde opinião acredito que sim, pois testemunhamos desde 1996 à manutenção do modelo econômico e político Neo-liberalista até a presente data; a conta gosto, dos Keynizianos do PT, que não assusta o mercado externo e ajusta finamente o mercado econômico interno.

Fontes: IBGE, PraceWaterhouseCooopers, Trevisan, BNDES, KPMG Brasil, IPEA, FED e BIRD.

*Aroldo Moraes Junior
Médico Auditor e Economista
PhD in Health Economic by University of York
Universidade Estácio de Sá

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