Milhares de trabalhadores que contraíram câncer (mesotelioma), por exposição ao amianto devem ser indenizados num montante estimado, segundo o jornal “The Guardian”, entre 600 milhões e 5 bilhões de libras. A decisão foi anunciada ontem, em uma sentença histórica do Supremo Tribunal britânico, que encerrou mais de cinco anos de disputas judiciais. Os juízes determinaram que as seguradoras deverão indenizar as vítimas ou seus parentes, levando em conta o momento da contaminação e quando foram identificados os sintomas do câncer, anos depois.
Estima-se que milhares de pessoas contaminadas ou seus herdeiros serão beneficiados pela sentença, já que os primeiros casos remontam aos anos 1940. Acredita-se que, desde então, o amianto tenha causado a morte de cinco mil pessoas por ano e que ainda surjam 2.500 novos casos ao ano. Espera-se, porém, que este número comece a cair após 2015.
Comentário do blogueiro
O Brasil é um dos maiores produtores, consumidores e exportadores de amianto do mundo, que é utilizado em quase 3.000 produtos industriais, entre eles: telhas, caixas d'água, pastilhas e lonas para freios etc. Por conta de suas propriedades e baixo custo de produção, é empregado intensivamente no Brasil, sendo, aproximadamente, mais de 90% do seu uso na indústria de cimento-amianto ou fibrocimento (telhas, caixas d'água etc.), menos de 5% em materiais de fricção (autopeças), cujo uso está em declínio - setor que investiu nos produtos de substituição por exigência do mercado internacional e das multinacionais montadoras para veículos novos e em pequeníssimas quantidades em outras atividades, sendo nas indústrias têxteis em torno de 3% e nas químicas/plásticas menos de 2%.
No Brasil, a quase totalidade do amianto comercializado é do tipo crisotila ou amianto branco, mas diversos produtos contaminados com anfibólios, proibidos por lei (Anexo 12 da NR-15 e Lei 9055/95), têm sido empregados, entre eles o talco industrial, pedra sabão e a vermiculita. Têm sido identificado nos talcos industriais brasileiros, principalmente a tremolita, antofilita e actinolita, embora estejam proibidos por lei, como já mencionado.
O Brasil está entre os cinco maiores utilizadores e fornecedores de amianto do mundo, com uma produção média de 250.000 toneladas/ano, tendência esta que vem caindo ano a ano e ultimamente por força das campanhas anti-amianto. Esta redução no mercado interno tem feito com que o excedente (65%) esteja sendo exportado para países da Ásia, principalmente, e América Latina.
No Brasil não temos uma estimativa concreta de quantos casos de mesotelioma associado à exposição ao amianto, visto que, em alguns setores da indústria o seu uso ainda permanece. Em consulta aos bancos de dados do DATASUS, os números não são – pressupondo a subnotificação – totalmente confiáveis, contudo, acreditamos que o números de brasileiros contaminados, devem ultrapassar aos números estimados na Inglaterra. Mas por aqui, não se tem um horizonte de esperança de que um dia estas vítimas tenham alguma reparação.
Fonte: Jornal The Guardian – caderno econômico em 29/03/2012
Imagem: Google Imagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário