sexta-feira, 27 de abril de 2012

“Abram-se os Histéricos!”

Imagem: Bruno Veiga
Ontem, tivemos a oportunidade de assistir a peça teatral “Abram-se os Histéricos!”, na qual nos transporta, segundo o resumo do programa da peça: que tem seu foco nas aulas públicas de Jean-Martin Charcot, no Hospital La Sal-pêtrière, no final do século XIX em Paris.


Quando a grande novidade médica, literária, e até mesmo mundana, era a histeria.

Levando ao espectador a refletir sobre esta “patologia neurológica/psiquiátrica orgânica” na qual nos vemos médicos ou não, tocados por ela no nosso cotidiano.
Somos apresentados ao encontro - da gênese do que viria ser a psicanálise - entre Charcot (1825-1893), Babinski (1857-1932) e Freud (1856-1939).

Eu fui levado aos recondidos das minhas memórias, de minha de/formação e atuação médica. Quando recordei meus primeiros encontros/aulas, conduzido pelo professor Falcão, da cátedra de psiquiatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em aulas onde era promovido o encontro de um paciente “louco” e os grupos de alunos, onde se debatia, a anamnese, propedêutica, associada ao nosso tirocínio, a encontrar a terapia paradigmatica à época, sobre o caso em tela. Nestes encontros éramos fixados nesta cena, sem que não nos era apresentada a “Outra Cena”, sobre a histeria.

Agora vejo o paralax que me foi induzido sobre este tema, o qual determinou e ainda determina em muitos médicos, o comportamento frente aos pacientes “histerogenicos”.

Uma cena em minha vida:
- Enfermeira na emergência de um hospital público, plantão de sábado à noite: “Doutor chegou na sala de mulheres mas uma pitiatica”.

- Eu médico de/formado: “Realmente é piti, veja o sinal de Greta Garbo (nome artístico de Greta Lovisa Gustafson), prescrevo soro glicosado a 5% e uma ampola de agua destilada por via intramuscular profunda, logo ela irá ser acordada deste piti e fará as pazes com seu namorado”.

Quanta crueldade, pois a dor causada pela administração de agua destilada intramuscular é imensa e o soro totalmente inócuo.

Minha cena hoje é de pedir perdão a todos os histéricos, homens e mulheres, aos quais inflige tal sofrimento, pois confesso, nunca me havia sido apresentada a “Outra Cena”.

Peça teatral: “Abram-se os Histéicos” – texto do psiquiatra, psicanalista e dramaturgo Antonio Quinet e Regina Miranda, baseado no livro - Quinet, A. A lição de Charcot; Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro: 2005. Em cartaz no teatro do Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro, http://www.ccjf.trf2.gov.br/.
Encenado brilhantemente pela Cia. Inconsciente em Cena, http://www.ciaincoscienteemcena.com/




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